Congratulações ao Casal Real William e Kate!

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quarta-feira, fevereiro 12, 2014

“A FOLHA EM BRANCO”


Quem gosta, sempre dá um jeito de encher satisfatoriamente um pedaço de papel em branco. Tenho um pensamento a respeito disso, que, embora quase axiomático, nunca havia expressado:
“Uma folha de papel em branco, uma pauta musical vazia e uma tela virgem por pintar constituem, em si mesmos, o mais formidável desafio imposto à criatividade, à sensibilidade e à inteligência humanas”.
Este dito já me foi útil certa vez, quando, convidado a proferir uma palestra sobre O Médico e a Cultura, foi embutido no texto e motivou comentários por parte de alguns colegas, desses que ouvem com espírito crítico e gostam de trocar idéias com o orador após o encerramento.
Com relação aos três tipos de desafio que formam o tripé da frase em questão, só não enfrentei o segundo, que diz respeito ao compositor. E nem teria como fazê-lo, visto que, em matéria de música, só tenho a sensibilidade do ouvinte, mas desconheço inteiramente suas regras e símbolos.
Além disso, nem saberia compor, assim como não sei fazer poemas, ao menos como manda (ou mandava) o figurino, já que, hoje em dia, com essa onda de „verso livre‟, despojado de rima e métrica, a rigor, qualquer prosador, se quiser, vira poeta, por medíocre que seja. Não sei o que o leitor pensa da chamada „poesia moderna‟, mas, de minha parte, desconfio de que a maioria desses novos bardos, se submetida aos rigores da moda antiga, não completaria a contento um soneto que fizesse jus ao nome.
A meu ver, a grande e fundamental diferença entre a música - mesmo a moderna, que, quando boa, prezo sob todos os aspectos - e as letras (prosa e verso), está no subjetivismo da primeira, que lida apenas com sons, ao passo que as outras duas se fazem com palavras, e estas têm no significado específico sua essência, ou seja, devem dizer algo coerente com sua razão de existir e com a idéia e o sentimento que expressam. Em outras palavras, texto e verso devem ser entendidos (além de sentidos); já a música..., essa basta sentir... Dir-se-ia quase o mesmo da pintura moderna, desvinculada de significados ou definições fundadas em coisas existentes ao redor, mas que, utilizando-se apenas de formas e traços e cores, nem por isso, em alguns autores, perde ritmo, harmonia, equilíbrio ou beleza pura.
O fato é que sempre fundamento meu discurso na importância da palavra como o meio de comunicação que permitiu ao homem, desde os primórdios, interagir com o semelhante e transmitir seu aprendizado através das gerações, evoluindo até Platão e sua Academia, da qual em última análise, proveio todo o resto.
Mark Twain já dizia que seus 'improvisos' eram preparados três semanas antes...

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