Congratulações ao Casal Real William e Kate!

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terça-feira, fevereiro 08, 2011

História do Guaraná


O que é o Guaraná?
"O nome botânico do Guaraná, Paullinia cupana H.B.K. variedade sorbilis (Mart.) Ducke, originou-se da homenagem a C. F. Paullini, um botânico alemão que viveu no século dezoito. O guaraná há muitas centenas de anos foi domesticado e cultivado pelos índios, os primeiros habitantes da Amazônia. Portanto a espécie nunca foi encontrada no estado silvestre. Acreditam os botânicos que mesmos aquelas plantas achadas em floresta densa, foram originadas de um cultivo indígena no passado. Guaraná é um cipó lenhoso que, em área de floresta ou capoeira, cresce sobre as árvores atingindo até 10 m de altura. Entretanto quando cultivado em áreas abertas tem porte de arbusto em forma moita crescendo no máximo até 2 ou 3 m de altura. Seu cultivo data da época pré-colombiana, quando era praticado por diversas tribos indígenas, entre as quais Maués e Andiras, localizadas no "baixo Amazonas". Possui folhas composta de cinco folíolos, as flores surgem em panículas amarelo-claro, nos meses mais secos do ano, com amadurecimento dos frutos dois ou três meses depois.Os frutos quando maduros, apresentam a coloração vermelha e em menores proporções, alaranjadas e amarelas, abrindo-se parcialmente, deixando à mostra as sementes. Quando maduro se abre parcialmente deixando aparecer 1 a 3 sementes castanha-escuras, com a metade inferior recoberta por um espesso arilo branco.Neste estágio deve ser feita a colheita dos frutos, para que as cápsulas (casca) não abram-se totalmente, evitando-se, assim, a queda das sementes. O guaraná comercial é produzido apenas das sementes, sendo as outras partes do fruto descartadas. A colheita é manual, retirando-se os frutos maduros (abertos) ou os cachos. Após a colheita, os frutos devem ser amontoados num galpão por dois a três dias, para uma leve fermentação. Em seguida, são despolpados, manualmente ou por meio de despolpadeiras, secados ao ar livre ou com auxílio de secador solar. Os grãos maiores são separados dos menores, utilizando-se peneiras, visando uniformizar a torração. Esta, deve ser processada, em seguida, preferencialmente em fornos de barro submetidos a fogo brando por quatro a cinco horas até atingir em torno de 9% de umidade. Temos, assim, o grão de guaraná torrado, conhecido como guaraná em rama. Formas disponíveis Guaraná normalmente é comercializado em 4 diferentes formas: Guaraná em rama É o grão torrado, a forma mais utilizada pelos agricultores amazonenses, para a venda à cooperativas, indústrias ou intermediários. Guaraná em pó O grão torrado, ao ser moído, fornece o guaraná em pó. Esta forma é pouco usada pelos agricultores, porém é uma das mais correntes no comércio varejista. Em forma de xaropes e essências para refrigerantes, é exclusiva de indústrias de considerável tecnologia e nível de capitalização. Propriedades terapêuticas Em 1946 o médico Othon Machado divulgou os seguintes resultados sobre as propriedades medicinais do guaraná: antitérmico, antineurálgico, antidiarréico, estimulante, analgésico e antigripal. Estudos realizados em 1965 por Ritchei, mostram que a teofilina, a teobromina e a cafeína atuam sobre o sistema cardiovascular, o sistema nervoso central, músculos lisos, esquelético e rins. A Dra. Ana Aslan, geriatra internacionalmente reconhecida, quando de sua visita ao Brasil, em 1972, declarou ser o guaraná "o geronvital brasileiro". Scavone, Panizza e Cristodoulov, pesquisadores do Instituto de Botânica da USP, comprovaram que o guaraná em pó substitui com vantagem o Ginseng, que é uma droga obtida das raízes da planta do mesmo nome, utilizada como estimulante psicomotor e afrodisíaco, importada a elevados custos da Coréia e Estados Unidos. O pó oriundo de sementes torradas e moídas é a forma mais disponível no mercado e pode ser misturado a água ou a sucos. Na Europa, o guaraná foi primeiro comercializado com uma planta medicinal Amazônica alternativa, e era (ainda permanece) vendido em lojas de produtos naturais. Alguns atribuem-lhe o efeito afrodisíaco, entretanto até o momento não existem evidências científicas que comprovem tal particularidade. Os Mitos de origem do guaraná. O antropólogo social Antony Henman, em seu livro "O GUARANÁ; sua cultura, propriedades, formas de preparação e uso. São Paulo, Global, 1983. 77p." descreve: A versão mais completa da história mítica do guaraná foi publicada em 1954 por Nunes Pereira, em seu livro "Os Índios Maués": "Antigamente, contam, existiam três irmãos: Ocumáató, Icuamã e Onhiámuáçabê. Onhiámuáçabê era dona do Noçoquem, um lugar encantado no qual ela havia plantado uma castanheira. A jovem não tinha marido; porém todos os animais da selva queria viver com ela. Os irmãos, ao mesmo tempo, a queriam sempre em sua companhia, porque era ela quem conhecia todas as plantas com que preparava os remédios de que precisavam. Uma cobrinha, conversando com outros animais, certa vez, disse que Onhiámuáçabê acabaria sendo sua esposa. Foi então espalhar pelo caminho por onde ela passava todos os dias um perfume que alegrava e seduzia. Quando Onhiámuáçabê passou pelo caminho, aspirando o perfume disse: - Que perfume agradável! A cobrinha, que estava próxima, disse a si mesma: Eu não dizia? Ela gosta de mim! E, correndo, foi estirar-se mais adiante para esperar a moça. Ao passar ao seu lado, tocou-a, levemente, numa das pernas. E isto só bastou para que a moça ficasse prenhe, porque antigamente, uma mulher, para que isso acontecesse, bastava ser olhada por alguém, homem, animal, ou árvore, que a desejasse como esposa. Porém os irmãos de Onhiámuáçabê não queriam que ela se casasse com gente, animal, ou árvore que tivesse filhos, porque era ela quem conhecia todas as plantas com que preparava os remédios de que precisavam. Por isto, quando a moça apareceu prenhe, os irmãos ficaram furiosos. E falaram, falaram e falaram, dizendo que não queriam vê-la com filho. Chegou o dia do nascimento da criança. A moça, depois do parto, no barracão feito por ela mesma, lavou a criança e tratou de criá-la. Era um menino bonito e forte; e cresceu forte e bonito até a idade de falar. Logo que pôde falar, o menino desejou comer as mesmas frutas de que os tios gostavam. A moça contou ao filho que, antes de o sentir nas entranhas, plantara no Noçoquem uma castanheira, para que ele comesse os frutos, mas que os irmãos, expulsando-a da companhia deles, se apoderaram de Noçoquem e não o deixaram comer castanhas. Além disso, os irmãos da moça tinham entregue o sítio à guarda da Cotia, da Arara e do Piriquito. O menino, porém, continuou a pedir a Onhiámuáçabê, mãe dele, que lhe desse a comer as mesmas frutas que os seus tios comiam. Um dia então, Onhiámuáçabê, a moça, resolveu levar o filho ao Noçoquem para comer as castanhas. Assim, indo a Cotia ao Noçoquem, viu no chão, debaixo da castanheira, as cinzas de uma fogueira, onde haviam assado castanhas. A Cotia correu e foi contar o que vira aos irmãos da moça. Um deles disse que talvez a Cotia se enganasse, o outro disse que não podia ser verdade. Discutiram. E, afinal, resolveram mandar o Macaquinho-da-boca-roxa tomar conta da castanheira, a ver se aparecia gente por ali. O menino que havia comido muitas castanhas e cada vez mais as cobiçava, já conhecendo o caminho do Noçoquem, tornou a ir lá no dia seguinte. Ora, os guardas no Noçoquem, que tinham ido adiante, com ordens de matar a quem ali encontrasse, viram o menino subir, às pressas, à castanheira. E, estando próximos, bem próximos, ocultos por outras árvores, tudo observando, correram e foram esperá-lo debaixo da castanheira, armados com uma cordinha para decepar a cabeça do comedor de castanhas. Dando por falta do filho, a mulher já se havia posto a caminho, para buscar, quando lhe ouviu os gritos. Correu na direção do filho, mas já o encontrou decepado às mãos dos guardas. Arrancando os cabelos, chorando e gritando sobre o cadáver do filho, a moça Onhiámuáçabê disse: Está bem, meu filho. Foram os seus tios que mandaram te matar. Eles pensavam que tu ficarias um coitadinho, mas não ficarás. Arrancou-lhe primeiro o olho esquerdo e plantou-o. A planta, porém, que nasceu desse olho não prestava; era a do falso guaraná. Arrancou-lhe, depois, o olho direito e plantou-o. Desse olho nasceu o guaraná verdadeiro. E continuando a conversa com o filho, como se o sentisse vivo, foi anunciando: Tu, meu filho, tu serás a maior força da Natureza; tu farás o bem a todos os homens; tu serás grandes; tu livrarás os homens de uma moléstia e os curarás de outras. Em seguida juntou todos os pedaços do corpo do filho. Mascou, mascou as folhas de uma planta mágica, lavou com sua saliva e o suco dessa planta o cadáver do filho e o enterrou. Cercou-lhe a sepultura com estacas e deixou um dos seus guardas de inteira confiança, vigiando-a. Recomendou a esse guarda, que era o Caraxué, que a fosse avisar, assim que ouvisse qualquer barulho saído da sepultura, pois ela saberia quem era. Passado alguns dias, o Caraxué, ouvindo barulho na sepultura, correu, e foi avisar Onhiámuáçabê. A moça veio, abriu o buraco da sepultura e de dentro dela saiu o macaco Quatá. Onhiámuáçabê soprou sobre o macaco Quatá e amaldiçoou-o: andaria sem repouso pelos matos. Fechou de novo a sepultura a lançou-lhe em cima o sumo das folhas da planta mágica com que lavara o cadáver. Dias depois o Caraxué foi avisá-la de que ouvira um barulho na sepultura do menino. A moça veio, abriu a sepultura e dele saiu o cachorro-do-mato Caiarara. Ela soprou sobre ele e o amaldiçoou, para que ninguém o comesse. Fechou de novo a sepultura e foi embora. Dias depois o Caraxué foi avisar que ouvira barulho, de novo, dentro da sepultura. Onhiámuáçabê foi até lá; abriu o buraco da sepultura e dele saiu o porco Queixada, levando os dentes que deveriam caber a todos os maués e a todos os homens. Onhiámuáçabê expulsou também o porco Queixada. (à proporção que saia um bicho da sepultura do menino e era expulso, a planta do guaraná ia crescendo, crescendo). Passado alguns dias o Caraxué ouviu outro barulho na sepultura e foi avisar Onhiámuáçabê. Ela veio de novo, abriu a sepultura e dali saiu uma criança que foi o primeiro maué, origem da tribo. Esse menino era o filho de Onhiámuáçabê, que ressuscitara. Onhiámuáçabê agarrou-o, sentando-o nos joelhos. E pôs-lhe um dente na boca, feito de terra. (Por isso nós, os maués, procedemos do cadáver e o nosso dente apodrece). A mulher foi lavando tudo, tudo, devagarinho, os pés, a barriga, os braços, o peito, a cabeça do menino com o sumo das folhas da planta mágica, que mastigara. Quando ela estava, entretida, fazendo isso com o filho, os seus irmãos chegaram, de repente e a obrigaram a deixar de lavar-lhe o corpo. (Este é o motivo porque os maués não mudam de pele, como a cobra)". Segundo Henman, devido a uma estrutura narrativa fiel às formas do discurso e do raciocínio indígenas, não é de se estranhar que esta versão tem tido pouca ou nenhuma acolhida entre a população "civilizada" da região de Maués. Surgiu, então, uma reinterpretação do mito colocada em termos do folclore caboclo do baixo Amazonas, e caracterizada pela inclusão de espíritos como Juruparí (Diabo) e Tupã (Deus), que são inexistentes na cosmologia Saterê-Mawé. Esta versão romantizada foi originalmente publicada por J.M. da Silva Coutinho há mais de cem anos, em 1866: "Na primitiva aldeia, havia um casal notável pelas virtudes. Refúgio dos infelizes, era a sua choupana como a fonte onde se ia buscar a consolação. De tão bons pais saiu um filho ainda melhor. Já aos seis anos o menino fazia prodígios, que merecia a adoração de todos. Chuvas abundantes vinham reverdecer as plantas, que definhavam, se ele implorava esse benefício; como anjo de paz, fazia cessar as desavenças, e mantinha a união do povo; muitos doentes foram curados ao simples contacto da sua mão; uma auréola de felicidade sem fim parecia cercá-lo, transmitindo-se a todos que se aproximavam. Tanta ventura porém causava inveja ao anjo mau (Jurupari), que protestou aniquilar o seu rival. Durante muito tempo a vigilância do povo impediu que ele realizasse tão negro projeto; mas um dia, por fatalidade, o bom menino, sem ser visto, trepou em uma árvore para colher os frutos; Jurupari aproveitou a ocasião, e transformando-se em cobra, lança-se ao pescoço do menino, matando-o imediatamente. Pouco tardou que não fosse apercebida a falta, e prestes ocorreu a notícia, pondo a tribo em movimento. Freneticamente foram devassados todos os recantos, encontrando-se finalmente o corpo da criança de olhos abertos e semblante tão sereno que parecia rir-se para quem o contemplava. Mas pouco durou a ilusão; dissipou-se o último lampejo e a verdade foi como um raio que fulminou a tribo. A esperança fugiu de todos os corações, e nem havia mais que esperar, morta a causa da felicidade geral. Era um castigo tremendo, que condenava o povo a eterna desventura. Uma descarga elétrica veio suspender a lamentação, e sucedeu-lhe profundo silêncio. A mãe do menino tomou a palavra e, assim falou aos índios estupefatos: Tupã, sempre bom, veio consolar-nos nesta grande aflição, reparando a dor que acabamos de sofrer. Meu filho ressuscitará sob a forma de uma árvore, que há de construir o nosso alimento e união curando-nos também todos os males do corpo. Mas é preciso que seus olhos sejam plantados. Eu não posso exercitar essa operação; fazei-a vós, como ordena Tupã. Tais palavras produziram grande impressão. Niguém se resolvia a arrancar os olhos do menino, sendo preciso recorrer-se à sorte, como decidiram os mais velhos.O lugar da plantação foi regado com as lágrimas de todos, e ali de sentinela ficaram os maiorais da aldeia. No fim de alguns dias brotou o guaranazeiro Uma mulher madura. Fruta do Guaraná maduro, pronto para ser colhido." Mensagem de Hoje:"A melhor saúde é não sentirmos a nossa saúde."( Jules Renard )

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