Quero morrer vivo
sentindo no corpo
o sopro originário
que me trouxe do pó
e do barro fez-se milagre
da revelação
e da consciência.
Quero morrer vivo
com o coração
vibrante e enamorado
sentindo a vida
percorrer a geografia
do meu corpo,
como os riachos,
os rios -
os grandes estuários
que irrigam planícies
e buscam o oceano distante
- onde se perdem
onde se encontram.
Quero morrer vivo
com o ser florescente
- girassol aberto como
mão estendida para
os dedos mornos
da manhã.
Ser a todo o instante
sentindo no corpo
o sopro originário
que me trouxe do pó
e do barro fez-se milagre
da revelação
e da consciência.
Quero morrer vivo
com o coração
vibrante e enamorado
sentindo a vida
percorrer a geografia
do meu corpo,
como os riachos,
os rios -
os grandes estuários
que irrigam planícies
e buscam o oceano distante
- onde se perdem
onde se encontram.
Quero morrer vivo
com o ser florescente
- girassol aberto como
mão estendida para
os dedos mornos
da manhã.
Ser a todo o instante
e a cada gesto,
palavra, escolha
- mesmo quando
a travessia estiver sob a
ameaça dos ventos.
Ser quando a morte
bater à porta e
levar o lírio branco
que adorna a sala
e ainda que todos
tenham partido
- seguir, arrumar as velas
tecer novos
planos de viagem
[chegar ao porto
onde a amda
espera com flores e
os lábios ardentes]
Quero morrer vivo
como a velha árvore
que perde suas folhas
seus galhos e
segue florescendo
[vencendo as intempéries
e a força do tempo
como os cravos que
perfumam
os corpos dos que partiram
para a outra margem do rio.
Morrer vivo
ainda que dentro do peito
tantos sonhos, amores e
amigos
sejam defuntos.
Cuidar dos mortos é tarefa
cara.
Quero morrer vivo
ser até o último suspiro
ter o coração em chamas
- fazer-me pássaro
para o último vôo
para o grande mar
onde tudo é
- forma clara e absoluta.
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