Carta aberta de um Católico em resposta ao pastor Silas Malafaia
PREZADO PASTOR SILAS MALAFAIA:
Dirijo-me ao senhor com respeito porque assim me ensinaram meus
pais, em primeiro lugar. Educação vem do berço. Dirijo-me ao senhor com
respeito, em segundo lugar, porque assim me ensina a Santa Igreja de
Deus; não compactuo com posicionamentos “zelotas” de pensamentos
tradicionalistas... Sei que a graça salvífica atua nos irmãos separados,
como explica a Documento Conciliar Unitatis Redintegratio
(especialmente o capítulo 3). O senhor tem todo o direito de falar a
respeito da visita do Santo Padre ao Brasil e em nenhum momento o senhor
foi ofensivo (como o foram as manifestantes que se auto-intitulam
“vadias”). Admira-me o fato de que os meus irmãos da fé no Christus
Totus, os meus irmãos católicos, estejam escandalizados e furiosos. Eu
não esperava nada diferente, a final: o senhor é filho do cisma
protestante (e filho do protestantismo brasileiro, que é essencialmente
anti-católico). O Papa, para o senhor, é um líder religioso, um Chefe de
Estado... e não passa disso.
Pois bem: O senhor tem o
direito de falar e eu tenho o direito de discordar veementemente (e
acho que podemos conviver com isto!). O senhor disse que o Papa está
profundamente preocupado com a evasão dos católicos para as igrejas
Protestantes e que ele teria se reunido com cerca de 300 bispos do CELAM
para tratar disto. Primeiramente, Pastor Malafaia, eram cerca 60 Bispos
do CELAM presentes; em segundo lugar, foi a mídia quem trouxe a tona
este tema que, mesmo no Documento de Aparecida (onde o mesmo foi
abordado) o mesmo não tomou mais que poucas páginas da primeira parte do
documento; o Papa Francisco não demonstrou preocupação sobre o tema. Se
o senhor fizer um balanço de todos os pronunciamentos do Papa em sua
visita ao Brasil (com honestidade intelectual) verá que o tema foi
mencionado aqui e acolá, mas não estamos nesta "consternação toda" que
os protestantes acham.
Aliás, 3,5 milhões de pessoas no maior evento da história do Brasil nos dão motivos de sobra para a esperança.
Eu bem sei que o senhor fica profundamente irritado com o espaço que a
Rede Globo dá para a Igreja Católica . O Globo Reporter que antecedeu a
Jornada Mundial foi muito emocionante, na verdade. Mas, é assim pastor:
Na há uma única capital deste país que não tenha, em sua história, o
legado da Igreja Católica com suas Escolas, Hospitais, Universidades e
seus missionários. Menciono a maior cidade da América Latina: São Paulo,
construída ao redor do Mosteiro de São Bento. Nós temos um legado, uma
história, e não somos um “vento de doutrina”... Temos dois mil anos.
Posso escolher qualquer bispo católico de qualquer parte do mundo e
começar a contagem: este foi ordenado por este, que foi ordenado por
este, etc, que chegarei até aos Apóstolos. Temos história (ainda não
estou abordando doutrina, mas apenas algo que se chama direito
histórico). Portanto, a Igreja Católica tem o seu peso no Brasil (que
ainda é de maioria católica – fato!).
O senhor acusou o
Papa Francisco de "falso" por falar de pobreza. Muito bem: sua alegação é
a de que o Vaticano é “a maior reserva de ouro” do mundo. O senhor, que
é um homem inteligente, deveria saber que o tratado de Latrão faz do
Vaticano um patrimônio da humanidade; ninguém pode “vender” o Vaticano,
ou partes do Vaticano. São obras de arte feitas com o melhor de que se
dispunha na época, sob a visão da Era da Cristandade, oriunda da Sagrada
Escritura, de que “ouro e prata pertencem ao Senhor”. Desta “reserva de
ouro” nenhum bispo ou cardeal pode dispor. Os escândalos do Banco do
Vaticano não são novidade alguma; ao longo da história da Igreja tivemos
– e aos montes! – padres, bispos e Papas com conduta deplorável,
amantes do dinheiro. Aliás, diga-me qual é a realidade humana onde não
encontramos tais coisas, não é mesmo? Contudo, estes cardeais não são
representantes, mas TRAIDORES da Igreja, e assim são recordados e
mencionados! O Banco do Vaticano está sob os cuidados do Papa Francisco e
nós católicos estamos esperançosos. Agora, o senhor diz que não podemos
falar "de pastor" por causa de tudo isto que escrevi acima. A questão é
a seguinte: Não foi justamente tudo isto que gerou a “Reforma”? É
irônico o fato de que os “reformadores” são, agora, os propagadores da
nefasta “Teologia da Prosperidade”. A mais expressiva Igreja Pentecostal
Brasileira, a IURD, vende arruda, terreno no céu e por aí vai... Nós
podemos falar SIM do escândalo dos pastores, Sr. Malafaia., porque vocês
são cegos que querem guiar cegos... Há muitos pastores vivendo no luxo,
o que causa escândalo ao coração do pobre e sofrido povo de Deus.
O Papa Francisco está tomando medidas... Está fazendo daquilo que
sempre foi a vida dele um exemplo para nós, que somos católicos e que
obedecemos ao cajado do nosso Pastor. O senhor acha que isto é
falsidade... Tem o direito de expressar isto. Para mim, contudo (e tenho
o direito de dizê-lo) o que está acontecendo é que o comportamento do
justo irrita o proceder do ímpio. Os pastores evangélicos estão tendo
que correr para os mais diversos meios de comunicação para prestar
contas de suas finanças há algum tempo (o senhor mesmo teve que fazer
isto várias vezes)... O proceder do Papa realmente lhes incomoda.
Termino lhe dizendo que o ouro do Vaticano não pode ser vendido, nem
usado pelos cardeais; contudo, isto nunca impediu a Igreja Católica de
ser a maior Instituição de Caridade do Mundo. Tão pouco o roubo de
cardeais (lobos vestidos de cordeiros, dos quais nos alertou Jesus)
impediu isto. E a Igreja, que é SEMPER PURIFICANDA, como disse o Papa
Francisco, citando Santo Tomás de Aquino, seguirá adiante.
Não
toquei em questões de doutrina, até porque isto se tornaria eterno...
Recomendo-lhe a Leitura de um Historiador Bacharelado em Harvard e PhD
pela Universidade de Columbia: O Sr. Thomas Woods. Será muito
proveitoso. Eu já vi o senhor falar bem da Igreja Católica em alguns
aspectos; eu lhe considerava honesto intelectualmente... Agora,
confesso, que questiono esta honestidade intelectual que é incapaz de
reconhecer o bem quando o vê. É com honestidade e respeito que lhe
respondo.
Com afeto em Cristo,
Fernando Nascimento
Um simples Católico da Diocese de Novo Hamburgo
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